Você já notou como seu filho se encanta com um barulhinho diferente, como o som de um chocalho ou um apito suave? Desde muito cedo, os sons despertam a atenção dos bebês e ajudam a construir pontes com o mundo ao redor — inclusive com a linguagem. Cada som que ele ouve é uma oportunidade de aprender algo novo.
Na fase de 1 a 5 anos, a criança está absorvendo tudo com velocidade impressionante. E é nesse momento que os brinquedos sonoros se tornam aliados poderosos no processo de desenvolvimento da fala. Mais do que diversão, eles podem ser ferramentas simples e eficazes para enriquecer o vocabulário, estimular a escuta ativa e encorajar a comunicação.
Neste artigo, vamos explorar juntos como escolher e usar brinquedos de som de forma prática, carinhosa e envolvente. Prepare-se para descobrir ideias acessíveis, dicas valiosas e exemplos que você pode aplicar ainda hoje com o seu filho — tudo com a leveza de uma conversa entre pais que querem ver seus pequenos se expressarem cada vez mais.
Por que sons são importantes para a fala?
Muito antes de uma criança dizer suas primeiras palavras, ela já está aprendendo a escutar. Sons fazem parte do ambiente desde os primeiros dias de vida — o barulho da água, a voz dos pais, a música do celular, o miado do gato. Cada som novo é como uma sementinha plantada no cérebro, que aos poucos floresce em comunicação.
O desenvolvimento da fala não começa com palavras, mas com escuta ativa. A criança primeiro precisa reconhecer e diferenciar sons para depois tentar reproduzi-los. Sons agudos, graves, curtos, longos, suaves ou fortes — todos ajudam a formar a base auditiva que será usada mais tarde para falar.
Além disso, a exposição a sons variados treina o ouvido da criança para perceber nuances que fazem diferença entre fonemas (como “p” e “b”, “f” e “v”). Esse refinamento auditivo é fundamental para a clareza da fala e para a compreensão do que ela mesma ouve.
Outro fator importante: sons despertam emoção e atenção. Quando um brinquedo faz um barulho inesperado, a criança reage, olha, sorri, tenta tocar. Isso ativa a curiosidade e estimula a interação — e toda interação é uma chance para aprender a se comunicar.
Como os brinquedos de som ajudam no desenvolvimento da fala
Brinquedos que emitem sons são especialmente eficazes porque combinam estímulo auditivo com ação física. Ao apertar, chacoalhar ou soprar, a criança percebe que seus gestos produzem sons — e isso ensina que ela pode causar efeito no mundo. Essa sensação de “eu faço acontecer” é essencial para o surgimento da fala.
Além disso, os brinquedos sonoros:
- Reforçam a escuta ativa: a criança aprende a prestar atenção nos sons e associá-los a objetos ou situações.
- Favorecem a imitação: ao ouvir sons repetidos, ela tenta reproduzi-los com a boca — um passo direto rumo à fala.
- Encorajam a vocalização: brinquedos com resposta sonora motivam a criança a interagir, emitir sons próprios, balbuciar e, mais adiante, formar palavras.
- Ajudam na coordenação respiração–fala: brinquedos de sopro, por exemplo, trabalham os músculos envolvidos na produção de fonemas.
- Facilitam a ampliação de vocabulário: ao ouvir e repetir sons de animais, veículos ou instrumentos, a criança associa palavras a significados reais.
E tem mais: ao brincar com esses brinquedos junto com um adulto, o efeito é multiplicado. A conversa que surge em torno do som (“olha o cachorro!”, “que barulho foi esse?”, “você ouviu o trenzinho?”) cria um ambiente rico em linguagem e interação.
Brinquedos sonoros não são apenas estímulos isolados. Quando usados com intenção e carinho, eles se tornam pontes entre o mundo da criança e o universo da fala.
Quando e como apresentar brinquedos sonoros para a criança?
A introdução de brinquedos com sons pode (e deve) começar bem cedo. A partir dos 6 meses, o bebê já demonstra interesse por estímulos auditivos simples e pode explorar brinquedos que chocalham, tocam músicas suaves ou emitem sons ao toque.
A grande chave é respeitar a fase da criança, observando o que desperta sua atenção, o que ela tenta alcançar ou repetir. Veja algumas orientações práticas por idade:
- De 6 a 12 meses: brinquedos com sons suaves, como chocalhos, móbiles musicais e brinquedos com botões grandes.
- De 1 a 2 anos: brinquedos de animais com sons, instrumentos musicais de brinquedo (como pandeiros e tambores), brinquedos que imitam sons reais (avião, carro, campainha).
- De 2 a 3 anos: brinquedos com múltiplos sons, livros sonoros, bonecos que falam frases simples, brinquedos de causa e efeito (aperte e ouça).
- De 3 a 5 anos: brinquedos com histórias sonoras, instrumentos com notas diferentes, microfones com eco, jogos que envolvem sons e fala (como “Repita o som”).
Dica prática: Sempre que possível, brinque junto. Narre o som que está sendo emitido, faça perguntas, convide a criança a repetir, imitar ou reagir. Isso transforma o som em comunicação.
10 brinquedos de sons que estimulam a fala em crianças
Agora que você já sabe o porquê e o como, vamos às sugestões práticas que você pode usar em casa, na escola ou até improvisar com materiais simples.
1. Bichinhos de pelúcia com som
Quando apertados, emitem o som característico do animal: “au-au”, “miau”, “oinc”.
Estimula: associação som–imagem, imitação de fonemas e vocabulário de animais.
2. Livros sonoros
Têm botões que reproduzem sons de palavras, músicas, instrumentos ou personagens.
Estimula: escuta ativa, repetição, nomeação e construção de frases.
3. Teclado musical infantil
Teclas com notas e sons diferentes (instrumentos, números, palavras).
Estimula: coordenação motora, escuta discriminativa, vocabulário musical.
4. Brinquedos de causa e efeito com som
Ex: um cubo que emite som ao apertar, puxar ou girar.
Estimula: entendimento de ação e reação, linguagem descritiva (“apertei”, “tocou”).
5. Microfone com eco
A criança fala e ouve sua própria voz com efeito de repetição.
Estimula: autoescuta, articulação, confiança para se expressar.
6. Brinquedos de veículos com som realista
Ex: caminhão que faz “vrummm”, buzina, sirene.
Estimula: linguagem de ação, onomatopeias e construção de narrativas (“o caminhão chegou!”).
7. Tambores e pandeiros infantis
Produzem som ao bater ou balançar, com controle da força.
Estimula: ritmo, percepção sonora, vocalizações em resposta ao som.
8. Bonecos que falam frases curtas
Ao apertar a barriga ou a mão, o boneco diz: “Oi!”, “Vamos brincar?”, “Te amo!”.
Estimula: escuta, resposta verbal e modelagem de frases simples.
9. Gravador de voz infantil
Permite gravar a própria voz e ouvir depois.
Estimula: autocorreção, imitação e produção de fala espontânea.
10. Brinquedos com sons de natureza
Botões com sons de chuva, vento, animais ou floresta.
Estimula: identificação auditiva, linguagem descritiva e narrativas criativas.
Dicas para usar os brinquedos de som de forma eficaz
Você já escolheu o brinquedo certo, agora é hora de potencializar ao máximo o aprendizado. O segredo está na maneira como você participa da brincadeira. Um brinquedo sonoro por si só é atrativo, mas é a presença do adulto, a fala e o afeto que transformam o momento em uma verdadeira aula de linguagem — divertida, leve e envolvente.
A seguir, compartilho algumas dicas práticas para fazer isso com naturalidade no dia a dia:
1. Narre o que está acontecendo
Em vez de apenas entregar o brinquedo à criança, vá descrevendo a ação:
“Você apertou o botão e ouviu o pato! Ele faz quá-quá!”,
“Olha só o som do tambor! Tum-tum! Que legal!”
Por quê:
A narração ajuda a criança a associar o som com palavras e a compreender o funcionamento da linguagem em tempo real.
2. Use repetições com pequenas variações
As crianças aprendem por repetição. Repita o som ou a palavra várias vezes, mas varie um pouco a entonação, o volume, o ritmo.
Exemplo: “O cachorro faz au-au… au-AU… AU-au!”
Você pode até criar uma musiquinha curta com o som do brinquedo.
Por quê:
Isso fixa a informação no cérebro da criança e convida ela a participar — mesmo que apenas com balbucios.
3. Brinque com expressões e emoções
Ao ouvir um som de surpresa, exagere a reação: “Nossa, que barulho!”
Use caretas, olhares, sorrisos, faça vozes engraçadas.
Por quê:
A linguagem emocional estimula a criança a prestar atenção não só no som, mas no contexto afetivo em que ele acontece. Isso gera conexão.
4. Dê espaço para a criança responder
Depois de ouvir um som, espere. Pergunte:
“O que foi isso?”
“Quem será que chegou?”
“Como faz esse bichinho?”
Mesmo que ela ainda não fale, incentive a apontar, balbuciar ou imitar.
Por quê:
A pausa cria um ritmo de conversa. Mostra que há espaço para ela se expressar, mesmo que sem palavras ainda.
5. Convide para escutar junto
Coloque o brinquedo perto do ouvido da criança e pergunte: “Você escutou isso?”
Repita o som e deixe que ela explore sozinha depois.
Por quê:
Isso reforça a atenção auditiva compartilhada, um passo fundamental no desenvolvimento da comunicação.
6. Envolva o corpo na brincadeira
Use o som como gatilho para movimentos:
“O tambor tocou? Vamos dançar!”
“O carro fez vruuumm? Vamos correr!”
Por quê:
Movimento e fala estão ligados no desenvolvimento neurológico. Integrar o corpo estimula áreas motoras e de linguagem ao mesmo tempo.
O mais importante é lembrar: o brinquedo é só o meio. O que faz a diferença é a relação. A sua voz, seu olhar e sua presença são os verdadeiros estímulos que despertam a fala com afeto.
Erros comuns ao usar brinquedos de som (e como evitar)
Brinquedos sonoros são aliados valiosos no desenvolvimento da linguagem, mas o modo como são usados faz toda a diferença. Muitos pais, com a melhor das intenções, cometem pequenos deslizes que podem atrapalhar o progresso ou tornar a experiência menos prazerosa para a criança.
A boa notícia é que, ao identificar esses erros, é fácil fazer pequenos ajustes — e com isso, transformar cada momento de brincadeira em uma oportunidade real de aprendizado.
1. Forçar a criança a repetir sons
“Fala au-au!”, “Repete comigo!”, “Você tem que dizer!”. Essas frases parecem inofensivas, mas colocam pressão desnecessária na criança, especialmente se ela ainda não está pronta para vocalizar.
O que fazer em vez disso:
Seja o modelo. Você pode dizer o som com entusiasmo e seguir brincando. A repetição natural da atividade vai despertar o desejo espontâneo da criança em imitar.
2. Pular de brinquedo em brinquedo sem dar tempo para explorar
A ansiedade em apresentar vários estímulos pode atrapalhar. Se a criança mal começa a explorar um brinquedo e já é apresentada a outro, ela pode perder o interesse ou ficar confusa.
O que fazer em vez disso:
Permita que ela se aprofunde em cada brinquedo. Aprofundamento gera engajamento. Às vezes, 10 minutos com um único chocalho rendem mais do que 5 brinquedos diferentes em sequência.
3. Brincar sem falar ou sem dar contexto
A criança aperta o botão, sai um som e… silêncio. Sem uma fala que acompanhe, o estímulo sonoro perde força como ferramenta de linguagem.
O que fazer em vez disso:
Descreva o que está acontecendo: “Você ouviu o trenzinho?”, “Esse é o som da buzina, bii-bii!”. Dê contexto e convide a criança a participar da conversa.
4. Usar o brinquedo como distração (sem interação)
Colocar o brinquedo na mão da criança e deixá-la sozinha enquanto faz outra tarefa não é o mesmo que brincar. O estímulo sonoro sem troca humana não promove o mesmo desenvolvimento da fala.
O que fazer em vez disso:
Participe da brincadeira, mesmo que por poucos minutos. O que realmente ensina é a troca — o olhar, a entonação, a reação ao que a criança faz.
5. Repetir mecanicamente sem variação
Repetição é boa, mas sem emoção vira tédio. Ficar apertando o mesmo botão com a mesma voz sem variar o jeito pode fazer a criança se desinteressar.
O que fazer em vez disso:
Mude o tom de voz, a ordem das ações, invente pequenas histórias com o som. Use sua criatividade e mantenha o momento vivo e divertido.
Conclusão
A fala não acontece da noite para o dia. Ela se constrói aos poucos, no ritmo único de cada criança — e, acima de tudo, na relação que ela estabelece com o mundo ao redor. Os brinquedos sonoros entram nesse processo como ferramentas encantadoras, que despertam a curiosidade, convidam à imitação e transformam o som em expressão.
Mais importante do que o brinquedo é a forma como ele é usado: com presença, carinho e intenção. É na troca de olhares, nos risos, nas perguntas que parecem simples, mas dizem tanto — como “você ouviu isso?” — que a magia acontece. A fala nasce quando a criança percebe que vale a pena se comunicar.
Que tal escolher um brinquedo sonoro e experimentar hoje mesmo uma nova forma de brincar com seu filho? Mesmo que ele ainda não fale, saiba: cada som que vocês compartilham é uma sementinha sendo plantada — e quando a primeira palavra vier, ela trará junto toda essa história de afeto e escuta.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre brinquedos de sons e desenvolvimento da fala
1. A partir de que idade posso oferecer brinquedos sonoros ao meu filho?
A partir dos 6 meses já é possível. Comece com sons suaves e vá aumentando a complexidade conforme a idade e o interesse da criança.
2. É melhor brinquedo eletrônico ou feito em casa?
Ambos funcionam! O importante é que o som desperte atenção e interação. Um potinho com arroz pode ser tão eficaz quanto um brinquedo eletrônico se houver troca e narração.
3. Meu filho se assusta com sons altos. O que fazer?
Respeite esse sinal. Evite sons muito fortes ou repentinos. Prefira brinquedos com volume controlado e observe os limites da criança.
4. Brinquedos sonoros substituem o acompanhamento com fonoaudiólogo?
Não. Eles são recursos complementares e preventivos. Em caso de dúvida sobre o desenvolvimento da fala, procure um profissional.
5. Posso usar músicas infantis como “brinquedos sonoros”?
Sim! Músicas com repetições e sons marcantes ajudam no ritmo, na escuta ativa e na ampliação do vocabulário. Cante, dance e convide seu filho a participar.




