Como usar histórias contadas para desenvolver fala infantil

Como usar histórias contadas

Você já reparou como os olhos do seu filho brilham quando você começa a contar uma história? Aqui em casa, foi assim que tudo começou. Bastava um “Era uma vez…” para ver meu pequeno parar tudo e prestar atenção. E foi através desses momentos que percebi: contar histórias não era só diversão — era também uma ponte para ajudá-lo a falar.

O que parecia apenas um ritual antes de dormir se tornou um jeito natural e leve de incentivar meu filho a se comunicar. As pausas que eu fazia, os sons engraçados que inventávamos juntos… tudo isso criava oportunidades para que ele tentasse responder, repetir e se expressar.

Se você sente que seu filho demora a falar ou quer simplesmente criar momentos mais especiais juntos, este artigo é para você. Vamos conversar sobre como histórias simples podem transformar a fala do seu pequeno — e fortalecer ainda mais o vínculo entre vocês. 

A magia das histórias na infância

Aqui em casa, contar histórias virou um daqueles momentos que ninguém quer perder. Sabe quando seu filho para tudo só para ouvir o que você vai dizer? Foi assim que eu percebi o poder da contação de histórias. Bastava eu pegar um livro ou começar a inventar algo para meu filho se aproximar, curioso e encantado.

O mais incrível é que, mesmo antes de falar, ele participava. Dava risadinhas, imitava sons, apontava imagens. E, quando as primeiras palavras começaram a surgir, muitas delas foram respostas às perguntas que eu fazia durante as histórias. Era como se a história fosse um convite carinhoso para ele começar a conversar.

Descobri que não precisava seguir um roteiro perfeito. Às vezes, as histórias mais simples – como um urso procurando mel ou um coelho que perdeu a cenoura – eram as que mais envolviam meu filho. E, no meio da diversão, sem perceber, ele começava a tentar falar.

Por que contar histórias ajuda a desenvolver a fala?

Contar histórias para crianças pequenas não é só um passatempo carinhoso — é um estímulo natural para que elas descubram o poder das palavras. E eu mesma percebi isso em casa. A cada nova historinha que inventava, sentia meu filho mais curioso, mais atento… e mais falante.

Mas por quê? Porque as histórias criam um ambiente de aprendizado sem que a criança perceba. Quando você conta algo, seu filho ouve novas palavras, repete sons, entende sequências e aprende a esperar sua vez para responder. Cada pausa que você faz é um convite para ele completar uma frase ou repetir uma palavra.

Além disso, as histórias despertam a imaginação. E crianças pensam antes mesmo de falar. Narrar aventuras e descrever personagens estimula o cérebro da criança a organizar ideias — e essa organização é o primeiro passo para formar frases.

Foi contando histórias bobas, como o passeio do Coelhinho pela floresta, que meu filho começou a responder com palavras simples. As histórias deram a ele algo mais valioso do que apenas conhecimento: deram motivo para querer falar.

Como começar a contar histórias em casa

Acredite: você não precisa ser uma contadora de histórias profissional para criar momentos mágicos com seu filho. Descobri isso quando, sem planejamento algum, comecei a inventar pequenas histórias no meio da nossa rotina. E funcionou.

Aqui vão algumas dicas simples para começar:

 1 – Use livros infantis (mas não dependa deles)

Livros são ótimos, mas não obrigatórios. Muitas vezes, eu apenas descrevia objetos da casa como personagens. “Era uma vez uma colher que queria voar…” — e meu filho prestava atenção como se fosse o melhor livro do mundo.

2 – Transforme brinquedos em personagens

Pegue um ursinho ou um carrinho e crie uma aventura simples. O brinquedo pode “falar” e fazer perguntas bobas:

  • “Para onde será que eu devo ir hoje?”
  • “Você quer vir comigo?”

Essas perguntas convidam seu filho a tentar responder, mesmo que só com sons ou gestos.

3 – Abuse das histórias inventadas

Não se preocupe em ser criativa demais. Histórias curtas, com situações repetitivas, funcionam muito melhor. O importante é manter a voz suave e o olhar atento ao seu filho.

 4 – Crie o ritual da história antes de dormir

Aqui, contar histórias virou parte da hora de dormir. O ambiente calmo favorece a atenção, e seu filho vai associar esse momento ao aconchego da sua voz.

 5 – Faça pausas e olhe nos olhos

Enquanto conta, faça pequenas pausas estratégicas. Seu filho pode tentar completar a história, ou apenas reagir. Essa troca é valiosa.

Com essas dicas, contar histórias deixa de ser um desafio e vira um momento de carinho que, sem você perceber, estará estimulando a fala do seu pequeno.

7 técnicas fáceis de contar histórias que funcionam

Com o tempo, percebi que pequenas atitudes durante a contação de histórias faziam meu filho se envolver mais — e, o mais importante, começavam a provocar respostas. Aqui estão as 7 técnicas que funcionaram comigo:

1 – Use vozes diferentes para cada personagem

Brincar com a voz torna a história mais divertida. Faça uma voz grave para o urso, uma fininha para o passarinho. Isso prende a atenção da criança e a convida a tentar imitar sons.

2 – Repita palavras-chave

Se o personagem repete algo, a criança sente segurança e vontade de repetir também. Exemplo:

  • “Cadê o coelhinho? Cadê o coelhinho? Está aqui!”

A repetição cria padrões que a criança aprende naturalmente.

 3 – Faça pausas estratégicas

Durante a história, pare antes de uma palavra importante. Olhe para seu filho e espere. Mesmo que ele apenas emita um som ou aponte, está participando da conversa.

 4 – Use gestos durante a narrativa

Associe palavras a gestos. Ao falar “grande”, abra bem os braços. Ao dizer “pequenininho”, junte as mãos. Os gestos ajudam a criança a entender e tentar imitar.

5 – Insira onomatopeias

Sons de animais ou ações são fáceis de imitar:

  • “O gato fazia miau!”
  • “O carro fazia vruuum!”

Meu filho começou a responder às histórias imitando os sons antes mesmo das palavras.

6 – Crie um momento de pergunta

Inclua perguntas simples na história:

  • “O ursinho está com fome. O que ele pode comer?”

Mesmo que seu filho apenas aponte ou faça um som, celebre a resposta.

7 – Repita histórias conhecidas

Crianças amam previsibilidade. Contar a mesma história diversas vezes permite que seu filho antecipe palavras e tente completá-las, ganhando segurança na comunicação.

Essas técnicas simples transformaram as histórias daqui de casa em uma conversa carinhosa entre mim, meu filho… e seus personagens favoritos.

Benefícios emocionais e cognitivos

Contar histórias fez muito mais pelo meu filho do que ajudar a desenvolver a fala. Cada história compartilhada foi também um momento de construção emocional, de fortalecimento da nossa conexão e de descoberta do mundo através da imaginação.

 Fortalece o vínculo entre pais e filhos

Contar histórias se transformou em nosso momento. Eu percebia o quanto ele se sentia acolhido ao ouvir minha voz narrando. Era um espaço só nosso, onde ele sabia que eu estava 100% ali, presente.

Estimula a organização do pensamento

Quando uma criança ouve uma história, ela começa a entender sequência, lógica e causa e efeito. Mesmo antes de falar, o cérebro da criança está se organizando — e essa organização ajuda a construir frases mais tarde.

Aumenta a confiança para se expressar

Meu filho sentiu segurança para arriscar falar quando percebeu que, durante as histórias, tudo era permitido. Não havia certo ou errado. Qualquer resposta, som ou gesto era celebrado.


Estimula atenção e memória

Repetir as mesmas histórias fez meu filho aprender a ouvir com atenção e lembrar o que vinha depois. Essa prática fortaleceu sua concentração — algo que levamos para outras áreas da rotina.

Desenvolve a imaginação

Cada personagem, cada cenário inventado, ampliava o universo do meu filho. E quando ele começou a criar as próprias histórias… eu soube que o faz de conta tinha cumprido seu papel.

As histórias ajudaram meu filho a falar, sim. Mas, principalmente, ensinaram a ele — e a mim — que comunicar é mais do que falar: é se conectar.

Dificuldades comuns que os pais enfrentam

Sei bem como é: mesmo com boa vontade, contar histórias nem sempre é fácil no início. Aqui quero compartilhar algumas dificuldades que eu mesma enfrentei, e que percebo serem comuns entre muitos pais.

1 – Vergonha ou sensação de não saber contar

No começo, eu me sentia meio “boba” inventando vozes e gestos. Mas logo percebi que, para o meu filho, eu era a melhor contadora de histórias do mundo — justamente porque era a mãe dele. A criança não espera perfeição. Ela quer sua presença e seu afeto.

 2 – Falta de paciência diante da falta de resposta

Eu me frustrava quando meu filho só ouvia sem reagir. Mas aprendi que ouvir faz parte do processo. Mesmo em silêncio, ele estava absorvendo, e sua fala começou a surgir quando se sentiu pronto.

 3 – Cansaço e rotina corrida

Após um dia exaustivo, o desejo de contar histórias pode sumir. E tudo bem! Pequenos momentos — como uma história curta antes de dormir — já fazem diferença. Não precisa ser longo nem elaborado.

 4 – Querer “ensinar” durante a história

No início, eu queria que as histórias fossem educativas demais. Depois percebi que o mais importante era a conexão emocional. Ensinar acontece naturalmente quando a criança se sente segura e envolvida.

Se você se identificou com alguma dessas dificuldades, saiba: é normal. O importante é não desistir. Com o tempo, contar histórias vai se tornar um momento natural e prazeroso para vocês dois.

Tornando a contação um hábito natural

Aqui em casa, contar histórias não virou uma “atividade obrigatória”. Virou algo nosso. Descobri que o segredo para transformar a contação em hábito não está em seguir regras rígidas, mas sim em aproveitar momentos simples do dia.

 1 – Crie um ritual diário (sem pressão)

Por aqui, a história antes de dormir se tornou nosso momento mais esperado. Não era um compromisso difícil. Era só um “Era uma vez…” antes do soninho, com meu filho já deitado e relaxado.

 2 – Use brinquedos e objetos do cotidiano

A história podia começar a qualquer momento:

  • “O prato e o copo queriam brincar.”
  • “O carrinho ficou triste porque perdeu a roda.”

Eu inventava conforme o momento, e meu filho amava.

 3 – Conte histórias durante as atividades do dia

No banho, eu criava aventuras para o sabonete. Durante a refeição, o garfo virava personagem. Assim, as histórias passaram a fazer parte da nossa rotina sem esforço.

 4 – Mantenha histórias curtas

Crianças pequenas não precisam de longas narrativas. Uma história de dois minutos, contada com carinho, é mais eficaz do que um conto longo. O mais importante é o momento de conexão, não o tamanho da história.

5 – Celebre qualquer participação

Mesmo que seu filho apenas imite um som ou aponte uma imagem, reaja com alegria. Assim, ele percebe que está participando e se sente seguro para tentar mais.

Quando você percebe, contar histórias deixa de ser algo planejado. Passa a ser simplesmente parte do jeito de conversar com seu filho.

E nesse faz de conta cheio de carinho… as palavras começam a surgir.

Conclusão carinhosa

Se existe algo que aprendi nesses momentos de história ao lado do meu filho, é que contar histórias não é apenas um passatempo. É uma forma de construir pontes. Pontes entre você e seu filho, entre o mundo das palavras e o mundo do afeto.

Cada “Era uma vez…” que você compartilha se transforma em uma oportunidade para seu filho se sentir ouvido, acolhido e seguro para começar a se expressar. Mesmo que as palavras demorem a aparecer, mesmo que venham como sons ou sorrisos, saiba: você está plantando as sementes da linguagem — e do amor.

Minha dica final? Não espere o momento perfeito. Pegue um brinquedo, um livro ou simplesmente sua imaginação… e conte. Sua voz é o som mais importante do mundo para o seu filho. 

5 Perguntas Frequentes

1. Preciso ter livros para contar histórias?
Não! Você pode inventar histórias usando brinquedos, objetos da casa ou sua imaginação. O mais importante é a interação.

2. Meu filho só observa e não responde. Devo insistir?
Sim, mas sem pressão. Observar faz parte do processo. Continue contando histórias naturalmente e respeite o ritmo dele.

3. A partir de que idade posso começar a contar histórias?
Desde bebê! Mesmo que ainda não fale, o bebê absorve sons, expressões e gestos.

4. E se eu não souber contar histórias?
Qualquer mãe ou pai sabe. Fale como conversaria normalmente e use sua imaginação. O simples é o mais poderoso.

5. Quanto tempo por dia devo contar histórias?
Não existe tempo ideal. Pequenas histórias diárias, mesmo de 2 a 3 minutos, são suficientes para estimular a linguagem e criar momentos especiais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *